O profeta
Oséias declarou que a falta de conhecimento era o motivo porque o povo perecia.
Não foram informados sobre a real situação e suas consequências. Penso que o
mesmo não pode ser dito da maioria de nós pastores, pois nunca o conhecimento
esteve tão disponível como em nossos dias.
Graduar-se em
Teologia já foi símbolo de renúncia, afastamento da família e abandono de
atividades profissionais. Hoje não, o conhecimento Teológico com graduação,
está disponível nas igrejas,
polos de Faculdades semi presenciais, penitenciárias e no mundo virtual;
então nosso problema não é falta de conhecimento, mas o que fazer com o
conhecimento que temos, quando isso está ligado ao nosso cuidado pessoal.
Há algum
tempo, a luz de alerta das crises pastorais está acessa, mas com o advento das
redes sociais, aquilo que era privado ao contexto das igrejas e denominações,
ganharam dimensão popular, o que acontecia no mundo privado, agora é “pregado sobre os
telhados”. Os dois casos mais recentes de suicídio pastoral dentro das
Assembleias de Deus, ocuparam os telhados do mundo virtual, como se fossem
raros, mas quem acompanha de perto o contexto eclesiástico, sabe que isso vem
crescendo em todo o Brasil e em todas as denominações.
Pesquisas recentes,
colocaram o ministério pastoral, entre os ofícios mais estressantes e claro que
aqui eu coloco o ato de pastorear, que é bem diferente de dirigir igreja,
pregar, participar de cerimônias religiosas, mas ao fato de conviver
diariamente com as alegrias e dores das ovelhas, pois é aqui
que as emoções são colocadas à prova o tempo todo; soma-se a isso, suas lutas
pessoais consigo mesmo, com o casamento, família e limites físicos e
emocionais.
Os pastores
sabem disso, não lhes falta
conhecimento, mas lhes falta discernimento quanto a escolha de “fazer a obra de
Deus” ou receber cuidado para suas vidas. Parece que aqui, cometemos mais um
pecado, pois “aquele que sabe o que deve fazer e não faz, comete pecado”. Estar
em um espaço para receber cuidado, pode demostrar fragilidades e isso é uma das
coisas que assusta um pastor. Pastores ajudam, apoiam carregam, curam feridas,
escutam as dores da alma, aconselham, visitam, entram nos valados e busca a
ovelha desgarrada e muitos outros “atos heroicos”; então, não se imaginam em
algum tempo, mudarem os papéis: de cuidadores, a pessoas que recebem cuidado!
Então tocam a vida como se divino fossem, mas qualquer um pastor, sabe que é
humano e frágil, e que precisa de apoio em suas crises.
As redes
pastorais existentes no Brasil, disponíveis a criar estruturas dentro das
denominações e fora delas, são oportunidades oferecidas para que os pastores
recebam esse cuidado, mas caminhar em grupo de pastoreio mútuo exige que o “super homem”, se torne apenas
homem, exige que as agendas sejam repensadas e se abram espaços para o
pastoreio; envolve disciplina para dedicar a cada quinzena um tempo de cerca de
duas horas, por anos seguidos, e firmar relacionamentos de confiança para que
Tiago 5.16 “confessai vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros
para serdes curados”.
Walter da Mata
Esse não é um texto sobre pastoreio mútuo, mas de quem vive desde
2003 a experiência do pastoreio. Sou
Pastor da Assembleia de Deus há mais de 30 anos e faço parte da Equipe MAPI